Desenho e Gravura:
a relação entre processos de desenho e de gravura
na obra de Abel Salazar
GRAVURA DE REFERÊNCIA
Esfregaço
Empastamento (ver 4)
Arrastamento
Movimentos de mão, "tour-de-main"
MONOTIPIAS
Clara Silva
Cláudia Peralta
Daniela Lino
João Freire
Orlando Ramirez
Desenho antecedente à gravura:
grafite e esfuminho
MICROSCOPIA (ver 1)
Contaminação explícita Arte e Ciência;
Desenhos elaborados a pensar na reprodução;
Comparação com gravura.
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Pormenores
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Outras gravuras de Abel com tratamentos semelhantes (ver 3)
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Gerês Nocturno (ver 2)
Diferença entre gravura original e reimpressão da chapa
Oxidação da chapa
Desgaste temporal
Monoimpressão original
Não polimento da chapa
Tratamento de desenho
Ponta Seca
Água-Forte
Água-tinta
Brunidor
Roulette
Verniz duro
Verniz mole
TESTES
Diferenças tonais
Tratamento de trama
Criação de Atmosfera
Edição Digital
Auxílio identificação de trama
Estudo de camadas a grafite
Estudo de camadas conforme empastamento
Estudo método aditivo/subtrativo
da gravura (carvão)
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Reconstituição de ácidos do manual de Melis-Marini;
Comunicação da contaminação entre Desenho e Gravura
nesta plataforma (com índice fixo, de cores, gif's e vídeos; interação).
FUTURAMENTE
1
MICROSCOPIA
A contaminação explícita entre Ciência e Arte dá-se explicitamente na Microscopia.
Nos seus manuscritos, realçamos dois aspectos: a definição de desenho e a ligação deste com a gravura, mostrando-se conhecedor das duas áreas.
No primeiro ponto, destaca-se a distinção entre desenho impressivo e desenho descritivo (em "Manuscrito sobre a utilização do desenho na microscopia"). Enquanto um "dá apenas uma impressão subjectiva sentida em face do objecto", o outro "representa analiticamente o objecto", como na microscopia. Note-se que em "Ensaios sobre técnicas de desenho", especialmente aquando a sua finalização, o cientista começa a tratar o desenho descritivo um pouco como o impressivo, ao referir diversas vezes para se fazer tal acção de desenho "aqui e além", sem ser preciso. Veja-se, por exemplo: "dão-se aqui e além claros para separar planos"(pág.3) ou "Aqui e além, amacia-se friccionando com o 8-H ou com o esfuminho". Esta imprecisão intensifica-se em "com o lápis da série H que dá mais ou menos a tonalidade de fundo".
Ainda, a referência a utilização de câmara clara no "Manuscrito sobre a utilização do desenho na microscopia", na página 2.
Sobre a ligação entre Desenho e Gravura, pode-se subdividir esta categoria em duas: quando ele fala explicitamente de como o desenho pode ser traduzido para fotogravura ou fototipia, e quando, como método explanatório, compara as técnicas das duas áreas. Quanto à primeira subcategoria, veja-se, por exemplo:
"[sobre o desenho à pena] tendo apenas a vantagem de economia da gravura que pode ser obtida por zinco gravura" (em "Manuscrito sobre a utilização do desenho na microscopia", pág.4);
"[idem] possibilidade de reprodução zinco gráfica [fotogravura]" (idem, pág.5);
"[sobre brilho metálico do grafite] prejudica a reprodução pela gravura" (idem, pág.14).
"[para a reprodução dos desenhos] O processo a escolher (...) é a fototipia (...). (...) destinando-se o dsenho a uma reprodução pela fotogravura é conveniente obter um desenho mais intenso do que aquilo que se deseja, porque a fotogravura atenua sempre um pouco.
Já na segunda, repare-se nas seguintes citações:
"[sobre o aumento de espessura do traço] É enfim o processo técnico utilizado pelos gravadores em madeira" (em "Manuscrito sobre
a utilização do desenho na microscopia", pág. 5);
"[sobre papéis demasiado brilhantes] o lápis não lhes morde regularmente" (em "Manuscrito sobre a utilização do desenho na microscopia", pág. 9);
"[sobre delicadeza de gradações de tinta] se assemelha a uma fototipia" (idem);
"[sobre papéis demasiado brilhantes] o lápis não lhes morde regularmente" (idem);
"[sobre abrir os claros da rede] como o faria um gravador com o seu buril" (idem, pág. 11);
"[sobre força e delicadeza das meias tintas] adquire um tom mate muito agradável de fototipia." (idem, pág.13);
"completando com toque de ponta de borracha dura, friccionando ao mesmo tempo como buril" (em "Ensaios sobre técnicas
de desenho", terceira página);
NOTAS
2
DESCRIÇÃO DA GRAVURA
Do livro do autor "Digressões em Portugal", realça-se a seguinte passagem do Minho, com ligaçao à atmosfera do desenho:
"Um espírito inquieto paira nesta paisagem angulosa, aguda, enevoada; tudo cristaliza em recortes, em cimos dentados e alturas coroadas de malabarismos. As linhasnnão chegam por vezes a definir-se, se não é no constante erguer e baixar dos dorsos, nos ziguezagues dos perfis em contrachoque; e a vegetação dir-se-ia ter coberto, como pôde, o caos duma tormenta geológica petrificada" (pág. 134, 135).
"[sobre pinheiros] e a bruma láctea amputa-lhes os troncos e tudo faz pairar e, flutuação aérea. A névoa em constante movimento, lento, invisível e fugidio, faz a todo o momento transformar o cenário." (pág. 137).
3
TINGIMENTO DO PAPEL
O mais provável é o amarelado do papel não se dever só à passagem do tempo, pois, no seu manual, Marini refere que o papel branco é "frio" e "deselegante": " e non danno un assieme piacevole ed elegante." (pág. 85).
Por este motivo, fizemos experiências de tingimento de papel com:
Chá verde;
Chá preto;
Chá verde + preto;
Sumo de limão puro;
Sumo de limão diluído;
Sol.
4
EMPASTAMENTO (do desenho para a gravura)
Na quarta página do manuscrito "Ensaios sobre técnicas de desenho", Abel Salazar refere o empastamento como técnica de representação: "Em seguida, com os lápis da tonalidade adequada desenham-se as fibras, com as suas ondulações, empastando onde elas se aglomeram (...)".
Nota extra 1: LONGOS PROCESSOS DESAGRADÁVEIS
"[sobre técnica de desenho a lápis] (...) ela torna-se enervante, quando possuindo uma muito grande variedade de tons. (...) incómodos irritantes (...): acumulação de goblets e cristalizadores na mesa de trabalho.(...) requere "beaucoup de pacience".
O que corrobora o facto de não haver tantas mordeduras, como pensávamos de início, mas sim acidulação directa na chapa
em conjunto com outras ações diretas.
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Nota extra 2: GOSTO POR RECEITAS
"[sobre o fixativo que existe à venda no mercado] é preferível preparar-mo-lo no laboratório, que é fácil". (em "Manuscrito sobre
a utilização do desenho na microscopia", pág.12).
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Nota extra 3: METÁFORAS EDUCACIONAIS
Em "Ensaios sobre técnicas de desenho":
"[na execução de um documento gráfico] resta-nos ver a marcha que deve seguir-se";
"amputando os excessos";
"esqueleto do desenho" (pág.2);
"desenham a tenríssima granulação." (pág.3).
Em "Manuscrito sobre a utilização do desenho na microscopia"
"para se ser feliz com o lápis" (pág. 10);
"desenho áspero", pág. 9).
BOSSE, Abraham, tradução de José Joaquim Viegas Menezes, Tratado da Gravura a Agua Forte, e a Buril, Lisboa, Typographia Chalcographica, Typoplastica e Litteraria do Arco do Cego, 1801.
MELIS-MARINI, Felice, L’acquaforte, Ulrico Hoepli Editore-Libraio della Real Casa Milano, 1924.
LARESSE, Gerardo, Princípios da Arte da Gravura, Typographia Chalcographica, Typoplastica e Litteraria do Arco do Cego, 1801.
RODRIGUES, Francisco de Assis, Diccionario Technico e Historico de Pintura, Esculptura, Architectura e Gravura, Lisboa, Imprensa Nacional, 1875.
SALAZAR, Abel, Digressões em Portugal, Porto, Imprensa Portuguesa, 1935.
SALAZAR, Abel, Ensaios sobre técnicas de desenho (documento manuscrito), Fundo: DSZ - Documentos Abel Salazar.
SALAZAR, Abel, Manuscrito sobre a utilização do desenho na microscopia, Fundo: DSZ - Documentos Abel Salazar.
SALAZAR, Abel, O Conflito da Ciência com a Metafísica sob o ponto de vista caracteriológico, in “A Voz da Justiça”, 18-4-1936. SALAZAR, Abel, Pensamento Psicológico e Biotipos, in “Seara Nova”, 6-5-1937.
BIBLIOGRAFIA
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